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Pesquisa com intestino de piranhas revela biodiversidade amazônicaUm estudo inovador realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que o intestino das piranhas pode funcionar como um "espelho" da vida microscópica dos rios da Amazônia. Publicado na revista Scientific Reports, o trabalho mostra que os microrganismos presentes no sistema digestivo desses peixes carregam informações valiosas sobre a biodiversidade aquática, ajudando a entender melhor o ecossistema amazônico.

As piranhas, ao se deslocarem por diferentes partes do rio e se alimentarem, acumulam em seu intestino uma "amostragem" dos microrganismos presentes na água. Utilizando uma técnica avançada de análise genética, a metagenômica shotgun, os cientistas compararam amostras de água do Rio São Benedito (MT) com material coletado do trato digestivo dos peixes.

Dois aspectos foram investigados: a diversidade microbiana e as funções desempenhadas por esses organismos. Os resultados mostraram que o intestino das piranhas não apenas reflete o perfil funcional da água, mas também revelou espécies não detectadas diretamente no ambiente aquático – microrganismos que desempenham papéis ecológicos importantes.

Além disso, a pesquisa identificou bactérias com potencial biotecnológico, como a Kocuria rhizophila (com ação contra bactérias resistentes) e a Mammaliicoccus sciuri (relacionada à saúde intestinal), abrindo caminho para futuras aplicações em medicina e biotecnologia.

Destaques da pesquisa

Equipe de pesquisa do PBV: Andrew Macrae e Sheila da SilvaSheila da Silva, primeira autora do estudo e egressa do PBV, destaca a importância do trabalho:

“Investigamos genes ligados a processos metabólicos, como a digestão de alimentos e a produção de energia. Isso mostra que, ao coletar apenas amostras de água, podem ser ignoradas espécies menos representadas, mas que são essenciais para a saúde dos rios e dos animais que habitam esses ecossistemas.”

A descoberta reforça o potencial das piranhas como bioindicadoras da qualidade ambiental, oferecendo uma alternativa eficiente para o monitoramento da biodiversidade na Amazônia.

Andrew Macrae, professor do PBV e coordenador da pesquisa, explica a estratégia adotada:

“Queríamos saber se o intestino das piranhas poderia refletir o que existe no rio como um todo. Monitorar todos os microrganismos de um habitat tão complexo como a Amazônia é um desafio enorme. Se pudermos usar as piranhas como uma ‘lente’, isso simplifica o processo sem perder informações importantes sobre a biodiversidade.”

O próximo passo da equipe é expandir a abordagem para outras espécies e ambientes aquáticos.

Saiba mais AQUI.

Fonte: Marina Verjovsky - FAPERJ

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